São cinco da manhã eu acho. Acordei agora, novamente sonhando com aquela garota. Este pode ter sido o melhor sonho que tive com ela em 25 anos.
Estava linda! Vestia uma camisa xadrez vermelha, um pouco grande que contrastava com seus belos olhos azuis e cabelos louros. Talvez este pequeno detalhe deva-se que ela sempre usava blusões de seu pai, isso lá nos dias frios e distantes do inverno de 1992.
O local parecia ser uma farmácia(!). Ela estava sentada à direita de quem entrava. Na verdade estava bem a vontade, quase que estirada na cadeira. Quando cheguei ela não percebeu quem eu era (também, quase um quarto de seculo!). Ela levantou-se rapidamente como que assustada e veio até mim e perguntou o que queria e, talvez por emoção, eu não soube dizer ao certo o que queria. Lembro que disse algo com “D” (Dorflex ou algo assim).
Entreguei um papel pequeno com o nome do medicamento e ela olhou para mim e então me reconheceu, viu que era eu. E ficou surpresa, seus olhos brilharam junto com um sorriso. Para não chamar atenção, quase que combinado de antemão, fizemos de conta que não nos conhecíamos, que eu era uma pessoa qualquer.
Mas quase que instintivamente olhei no fundo de seus olhos, como se em uma fração de segundos pudesse dizer tudo o que sinto, o que senti e sofri por ela neste logo tempo; ela sorriu discretamente, como nunca havia sorrido antes, nem em outros sonhos, quase um olhar malicioso. Isso a deixou mais linda. Naquele breve instante ela sabia quem eu era, me reconheceu. Talvez pude passar um pouco do que sentia, todo o amor e desejo que tinha por ela, mesmo que naquele rápido contato visual. Sai lentamente com certeza que ela talvez tentasse entrar em contato novamente.
Mas era apenas mais um sonho e ela não ligou. Nem ligará. Nem quero que ligue. Não precisa ligar. Não adiantará mais ligar.
O estranho nestes sonhos é que ela sempre esteve igual o tempo todo, não mudou nada. Acordei e chorei um pouco. Na verdade, bastante…
(Enviado por Samuel, manhã de 25/07/2016)
Crônicas de Samuel 